quarta-feira, 27 de abril de 2011

Momento Água com Açúcar do IN_ VI (O Poeta)

Entrelinhas


Nos versos que escrevo
pouco a pouco me descrevo.
Em entrelinhas me exponho,
o que sou e o que suponho.
Em metáforas distorcidas,
as experiências vividas.
Os Pontos de exclamação:
Suspiros de um coração.
As vírgulas, coitadinhas:
Do caminho são as pedrinhas.
E as unidas reticências:
O desenrolar das vivências.
Interrogações desoladas:
Para as dúvidas da estrada.
Aspas, parênteses e grifados
a exaltar os apaixonados.
E, um ponto final bem conciso.
É agora o que eu mais preciso.


Vento



Assisto o vento!
De camarote.
Se antes foi brando
também teve ímpetos.
Viajou por vales,
beijou o mar, 
prosseguiu na noite
assistiu o amanhecer.
Renaceu enfim!

Se calmo: Brisa;
Se chora: Chuva;
Se outrora: Foi-se;
Se vindouro: Afronta;
Se bravo: Tempestade;
Se circula: Rodamoinho;
Se abandona: Saudades!

Quisera eu, num sonho qualquer,
ser pé de vento.
Destes que alça vôo sem destino.
Só pelo prazer, só pelo ventar.
Beijar tua face e partir.
Trazer o perfume da flor,
levar,entranhado,  teu sabor.
Andar por aí, só por andar,...
como num pensamento à-toa.




O Poeta


Um poeta é tantas coisas
e nenhuma das coisas o é.
Rabisca seus devaneios
e navega entre mil anseios.

Tem fé no amor que virá,
Na lua, na musa, na flor.
Fé que um semblante haverá
entre brasas; De um alvo furor.

Não chega a ser um errante,
se atém ao subjetivo.
Jamais entendeu de "concreto";
Do próprio peito é cativo!.

Um poeta é tantas coisas
que nem em sonho seria.
É o menino-jovem-crescido
cuja vida  sorveria.
Feito um manjar escondido:
-- Em detalhes, se delicia.

Porém, não chores poeta
por desamores em lata.
Nem toda diva é real e
nem sempre, é a lua de prata!

Um comentário:

  1. Gostei do primeiro... O toque em palavras... Muito bom.

    Ah, sim, antes que esqueça... Acho que senti um vento adentrando a janela do meu quarto...

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