namorando tem o lado bom e o lado ruim também.
Se por um lado você tem ao seu lado alguém que em tese te ama
incondicionalmente e te completa, por outro, fica aquela sensação
de que a vida passa alheia a você. As coisas acontecem e não te
perguntam se você concorda em não fazer parte delas. È, você que
está me lendo está certíssimo(a) se pensou:
“Esse cara está entediado com sua relação”. Era esta a mais
pura verdade.
Mesmo assim, não sai de casa no intuito de caçar, meu instinto
predador estava guardado em alguma gaveta e eu tinha a nítida
impressão que perdera a chave. O fato de Mila ter ido ao interior
visitar parentes veio a calhar, era minha chance de oxigenar a mente
e assistir a vida acontecer.
Eu escolhi um destes lugares onde todos vão, exceto as amigas de
Mila. Seja em função de estarem casadas ou de pertencerem a outra
faixa etária, superior a das meninas que freqüentavam aquele bar.
Quase duas da madrugada, a música estava boa, a cerveja estava
gelada, mas a vida propriamente dita eu ainda não tinha visto
passar. Quando falo vida, eu quero dizer que ela dever ter seios
provocantes, coxas atraentes, olhos predadores e um sorriso meigo
para disfarçar e adoçar a fêmea no cio que toda mulher abriga em
seu âmago.
Isto chama-se vida na minha humilde opinião.
Eu estava no balcão, de costas para a pista e nem percebi aquelas
meninas entrando sem companhia. Só reparei em Natasha quando esta,
ao meu lado, no balcão, pediu uma bebida.
No primeiro momento não me atrevi a olhar em seus olhos, até por
que meu olhar deteve-se em seu decote. E que decote viu! Tive que
conter a baba acumulada nos anos em que fora mantido
em cativeiro.
Segundo momento. Meu olhar altamente detalhista notou as pernas de
uma deusa, digna de uma lenda grega. Seus olhos, seu sorriso, seu,...
Tão rápido como veio ela foi-se, mas para inflar meu ego, ela
vira-se já um pouco ao longe e me presenteia com um sorriso que com
certeza, tinha muita vida bombando, muita energia e um punhado de
entrelinhas que, eu faria de tudo para desvendar.
Destreinado que estava fiquei pensando na melhor abordagem para me
aproximar daquela menina que roubara todos os meus olhares e alguns
bons desejos. Foi aí que me perdi em pensamentos contraditórios. Eu
não deveria estar ali, não deveria desejar alguém e estava sendo
um fraco. Afinal tinha Mila, que deveria, naquele momento estar na
estrada ainda. Não era justo. Pensei em voltar para casa, pensei em
ficar. A quanto tempo não me sentia como um garoto indeciso. Seria
isso também vida?
Foi justamente quando me dirigia à porta que senti aquela mão macia
sobre o meu braço.
--- Ei, você não esqueceu nada?
Na iminência de me virar e ver quem era, recebi um beijo de língua
de tirar o fôlego de qualquer quarentão desavisado. E era
exatamente isso que eu era. Retribui e a apertei com força contra
mim.
Havia um canto próximo ao fundo do bar, menos iluminado. Uma espécie
de matadouro,
eu acho. Foi lá que tive em minhas mãos aquele mel
quente e adocicado, que vertia feito presente de boas vindas. Foi ali
também que senti a maciez e rigidez flamejante daquele par de seios
ainda tímidos, mas famintos de boca e carícias. Ficamos assim por
algum tempo, curtindo um o que o outro oferecia. Era uma troca impar
que com certeza eu poderia chamar de “vida”.
Natasha me olha dentro dos olhos, sorri com cara de safada e cochicha
dentro de um dos meus ouvidos.
--- Vou te dar um presente. Que é para você querer sempre mais.
Lentamente foi se abaixando, sem tirar os olhos dos meus. Abriu meu
zipper e me presenteou com um boquete destes de causar inveja a
qualquer um que estivesse no bar nos observando. Eu a pressionava
contra a parede e assim permaneci pensando comigo mesmo em como uma
menina aparentemente tão angelical podia estar fazendo aquilo tão
bem. É claro que eu gozei logo, estava sem prática, destreinado e,
parecia eu o brinquedo nas mãos daquela ninfa gulosa.
Ela ergueu-se com a mesma lentidão que descera, novamente me fitando
e sorrindo. Tirou da bolsa um pequeno lencinho, limpou o canto da
boca e deu-me um beijo, novamente de surpresa, que eu retribui com
aquela carinha pidona de quem quer mais. Muito mais.
Me pegou pela mão e fomos até o balcão tomar algo. Lá chegando
ela pega um guardanapo, seu batom e escreve seu telefone. Entrega-me
novamente me fitando e sussurra em meu ouvido.
--- Agora você pode ir. Vou adorar se ligar.
Deu as costas e foi-se. Logo a perdi de vista na pista. Guardei o
papel e sem saber por que a obedeci fui em direção a porta em
câmera lenta.
Quando cheguei em casa ainda estava um pouco esquisito. Tenso e
relaxado, pensativo e confuso. Desejoso e culpado. Eram tantas
sensações que eu nem me lembrava de que as possuía todas em meu
íntimo. Decididamente aquela noite mudara a minha vida e ficara uma
única certeza:
Eu já a imaginava nua e queria muito aquela mulher. Ela seria minha
mesmo que isto custasse toda a pseudo-estabilidade atrás da qual eu
me escondera por todos aqueles anos. Na segunda eu liguei para
Natasha marcamos de conversar em algum lugar legal. Muitas coisas
boas ainda aconteceriam. Mas isto eu conto outra hora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário