Eu acabara de me separar do primeiro casamento. Eu casei aos 18 e
separei com 23 anos.
Nina era garota de programa, tinha 18 anos
quando a conheci e trabalhava numa casa que funcionava a tarde.
Super discreta. Menina de namorar e casar. Era mais baixa que eu, no
melhor estilo falsa magra. Na primeira vez, além de transarmos
também conversamos muito, trocamos telefone e na semana seguinte
encontramo-nos fora da tal casa de programas.
Fomos para um café, conversamos muito e terminamos num motel do
centro. Ela não me cobrou programa e aquilo tornou-se um hábito
durante dois anos. Andávamos de mãos dadas pela cidade quase como
dois namorados. Ela fazia seus programas, eu tinha outras garotas,
mas ao menos uma tarde por semana era somente nossa.
Algumas vezes, ao longo deste tempo Nina fez questão inclusive de
pagar o motel, não queria depender de mim ou apenas demonstrar que
fazia por prazer e não por ofício. Falávamos sobre tudo sem
restrições, minha vida íntima, a dela, a nossa. Tudo enfim.
Foi numa tarde qualquer, (sou péssimo para datas), que Nina triste
deu a sentença. Um fazendeiro do interior do estado a havia pedido
em casamento.
Qualquer outra garota não teria exitado em aceitar de pronto. Mas
ela primeiro queria saber o que eu achava. Minha opinião tinha
tornado-se vital para ela ante um pedido deste. Eu ainda me refazia
da primeira de tantas separações pelas quais passei.
Desejei-lhe boa sorte e nunca mais nos vimos.
Hoje, passados 25 anos eu fico pensando naquela baixinha com uma
certa dor no peito. Uma sensação de que eu deveria ter investido
mais naquela garota. Éramos cúmplices sem que tocássemos no
assunto. Não negávamos nada um ao outro e tudo era espontâneo como
deveria ser entre todos os casais.
E se eu fosse deixar aqui uma mensagem aos homens que eventualmente
vierem a ler este post, eu diria que julgar uma mulher pelo que ela
faz da vida dela não é ruim para ela. É ruim para você, que
provavelmente, assim como eu na época, deve ter o cérebro do
tamanho de uma ervilha. Sempre nos lamentaremos pelas pessoas que
passam por nossas vidas sem que de nós recebam a merecida atenção.
Se você vier a me ler Nina. Super beijo em você cheio de saudades
do IN_
Fiquei curiosa..
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