sábado, 30 de agosto de 2014

Nina e Eu

 Eu acabara de me separar do primeiro casamento. Eu casei aos 18 e separei com 23 anos.
Nina era garota de programa, tinha 18 anos quando a conheci e trabalhava numa casa que funcionava a tarde. Super discreta. Menina de namorar e casar. Era mais baixa que eu, no melhor estilo falsa magra. Na primeira vez, além de transarmos também conversamos muito, trocamos telefone e na semana seguinte encontramo-nos fora da tal casa de programas.
Fomos para um café, conversamos muito e terminamos num motel do centro. Ela não me cobrou programa e aquilo tornou-se um hábito durante dois anos. Andávamos de mãos dadas pela cidade quase como dois namorados. Ela fazia seus programas, eu tinha outras garotas, mas ao menos uma tarde por semana era somente nossa.
Algumas vezes, ao longo deste tempo Nina fez questão inclusive de pagar o motel, não queria depender de mim ou apenas demonstrar que fazia por prazer e não por ofício. Falávamos sobre tudo sem restrições, minha vida íntima, a dela, a nossa. Tudo enfim.
Foi numa tarde qualquer, (sou péssimo para datas), que Nina triste deu a sentença. Um fazendeiro do interior do estado a havia pedido em casamento.
Qualquer outra garota não teria exitado em aceitar de pronto. Mas ela primeiro queria saber o que eu achava. Minha opinião tinha tornado-se vital para ela ante um pedido deste. Eu ainda me refazia da primeira de tantas separações pelas quais passei.
Desejei-lhe boa sorte e nunca mais nos vimos.

Hoje, passados 25 anos eu fico pensando naquela baixinha com uma certa dor no peito. Uma sensação de que eu deveria ter investido mais naquela garota. Éramos cúmplices sem que tocássemos no assunto. Não negávamos nada um ao outro e tudo era espontâneo como deveria ser entre todos os casais.
E se eu fosse deixar aqui uma mensagem aos homens que eventualmente vierem a ler este post, eu diria que julgar uma mulher pelo que ela faz da vida dela não é ruim para ela. É ruim para você, que provavelmente, assim como eu na época, deve ter o cérebro do tamanho de uma ervilha. Sempre nos lamentaremos pelas pessoas que passam por nossas vidas sem que de nós recebam a merecida atenção.


Se você vier a me ler Nina. Super beijo em você cheio de saudades do IN_

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