domingo, 17 de agosto de 2014

Até o Fim


Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
"inda" garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim
Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim
Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Mas vou até o fim
Não tem cigarro acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim ?
Eu já nem lembro "pronde" mesmo que eu vou
Mas vou até o fim
Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

Chico Buarque

Um comentário:

  1. O Chico é um gênio.

    Eu vim agradecer o teu voto na minha poesia Eu choro em silêncio no Ostra da Poesia
    e te fazer 2 convites, um para votar novamente, pois eu me classifiquei para a final e o outro para vistar meu bloque Histórias, estórias e outras polêmicas.

    Não vim antes porque não podia revelar a poesia. Agora tá liberado;

    Desta vez é preciso votar nos comentários como antes, mas também confirmar no chat cujo banner está a direita da flecha piscante.

    Abraços

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