Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra.
Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
O TEU RISO
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
Gostei da força das palavras deste post...O seu conteúdo deixou-me pensativa.
ResponderExcluirBeijos prometidos
Adoro Neruda...
ResponderExcluirE me faz lembrar uma pessoa, toda vez que o leio...
Passando para te desejar um ótimo dia, repleto de paz e coisas belas!
Beijos doces!!!
Ayesk@
Umas das mais lindas poesias de Neruda...acho que todos que a leem,sempre se remetem a alguem...
ResponderExcluirBeijos em ti