sábado, 13 de agosto de 2011

Não Quero Ser o Último a Comer-Te



Não quero ser o último a comer-te.
Se em tempo não ousei, agora é tarde.
Nem sopra a flama antiga nem beber-te
aplacaria sede que não arde
em minha boca seca de querer-te,
de desejar-te tanto e sem alarde,
fome que não sofria padecer-te
assim pasto de tantos, e eu covarde
a esperar que limpasses toda a gala
que por teu corpo e alma ainda resvala,
e chegasses, intata, renascida,
para travar comigo a luta extrema
que fizesse de toda a nossa vida
um chamejante, universal poema.


Carlos Drummond de Andrade

4 comentários:

  1. E os caras ainda acham que os poemas bons do careca eram aquela viadagem de "tinha uma pedra no meio do caminho"...não leram esses...

    Darukian

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  2. uai e as ferías??? nao consegue mesmo ficar longe dese nosso mundinho virtual??
    rss

    ou ja voltou??

    bjocas

    ana casada

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  3. Lindo poema e imagem deliciosa

    beijos

    Cris e Junior
    http://desejosefantasiasdecasal.blogspot.com/

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  4. Essa eu conheço!!! Drummond é sempre Drummond

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