segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sheila e Eu (Início)

A noite estava nua. E por onde quer que eu andasse não acontecia nada. Não havia pessoas e até as estrelas pareciam estar de folga. A penumbra escondera a própria lua e sequer uma brisa empurrava as folhas de outono.
Eu, perambulando à esmo, um pouco perdido com aquelas palavras  que ainda ecoavam em minha mente.
--- Vá embora. Eu amo outra pessoa e o que aconteceu entre nós foi um erro. Dissera ela a poucos minutos atrás.
Eu levara-lhe flores e, estas agora jaziam tristes numa lixeira qualquer.
Restava-me tomar algo que me fizesse ao menos adiar as coisas. Minha cabeça latejava e eu não conseguia ainda organizar as idéias. 
Finalmente uma luz no fim do túnel, ou melhor, não era um túnel e sim um bar, mas naquele momento era tudo o que eu mais precisava. Tá bom, tá bom, eu confesso: Caminhando sem rumo com aquele iceberg que me destroçara como se eu fosse o próprio titanic, eu acabei parando foi na zona da cidade e lá, é claro que havia bares, havia garotas e como eu precisava de um ombro e um bom copo de cerveja, acabara por juntar o útil ao agradável.
Entrei. Havia música e mulheres. Alguns homens já bem encaminhados e gente subindo e descendo dos quartos, que ficava no andar de cima, logo depois de uma escada estreita, íngreme e mal iluminada. No balcão, pedi uma tequila e uma long-neck. Ainda não me sentia em condições de conversar com as meninas que estavam sozinhas.
O cara do balcão era dono de um sorriso amarelo e incompleto. Acho até, que no fundo, meio amargurado e, do jeito que eu estava, ser servido por ele me fazia parecer literalmente no fundo do poço. Isso só mudou na segunda pedida, identica a primeira. Desta vez Sheila, uma menina de lindos cabelos negros e curvas generosas, que estava próxima a mim, notando a indiferença do garçon, entrou balcão a dentro e me serviu um belo sorriso juntamente com a bebida.
--- Meu nome é Sheila e eu não lembro de ter te visto aqui antes. Proclamou a menina simpática.
--- É. Raramente eu venho aqui. Eu respondi com um sorriso de tequila.
--- Mas e você veio só beber ou veio buscar prazer também? Retrucou ela com um sorriso maroto e atrevido.
--- Olha Sheila, sinceramente eu nem sei. Acabei de levar um fora e não sei se eu seria um bom amante hoje.
--- Se eu ao menos soubesse seu nome, talvez eu mesma pudesse decidir sobre isso.
--- Ah, desculpe. Os amigos me chamam de Fredy. 
--- Bom Fredy. Eu sou nova aqui na cidade e na profissão. Posso sair daqui a uma hora. Se neste meio tempo você não achar nada mais interessante e quiser dar uma volta e conversar, ... Eu moro numa pensão a umas cinco quadras daqui e você poderia me levar até lá.
--- Vou pensar na proposta Sheila. Se eu não estiver caido antes,... rsrsrs. Sorri com um ar de deboche que ela certamente não merecia.
Quando ela se afastou, foi impossível não admirar suas curvas. Jovem e bem torneada. A natureza lhe havia sido generosa e num flash, mil perguntas me passaram pela cabeça. Como o por que de uma menina tão lindinha estar alí tentando ganhar a vida, por exemplo.
Essa foi uma das primeiras perguntas que fiz logo que saimos. Eu não estava mais sóbrio, mas estava longe de estar bêbado.
Sheila foi direta. Disse-me que vinha de cidade pequena, que pensara  ter engravidado do namorado e seu pai, ao saber, a expulsara de casa. O namorado, por sua vez, até tentou ajudá-la, mas nem ao menos trabalhava. Em poucas semanas pulando de galho em galho, entre a casa de parentes e amigos e, praticamente não tendo o que comer, juntou as poucas coisas que tinha e pegou uma carona que surgiu na estrada. Através de um caminhoneiro amigo seu. A primeira transa aconteceu para saciar a fome, a segunda também, mas já a terceira aconteceu por que ela descobria aos poucos o quanto gostava de ter e dar prazer.  A cada dia, na estrada Scheila se descobria uma puta nata e, até chegar a casa de programas foi um pulo. Talvez a decepção com o namorado a tenha ajudado a tomar este rumo, mas isso agora não importava mais. Disse-me que ficava triste nas noites em que não surgia nenhum amante que lhe pagasse e, eventualmente entregava-se à algum rapazinho entristecido e carente.
Ela sorriu um sorriso aberto ao concluir a frase.
Eu corei, mas ela não se importou. Estava calejada! Tão jovem e tão vivida, pensava eu com meus botões. Qualquer homem se apaixonaria por ela facilmente. Exceto eu. Eu estava ainda amortizado pelo fora que havia levado e sem a minima condição de ser um bom parceiro para ela naquela noite.
Continuamos caminhando sem pressa. Um momento de silêncio e ouviu-se uma trovoada. A chuva não tardaria a chegar.

4 comentários:

  1. E, com o quarto dela tão pertinho e as mágoas de Fredy ansiando por serem aplacadas, já imagino que desfecho esse relato teria...
    Beijos, meu lindo!!!

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  2. Gostei muito, vou esperar ansiosa a continuação. Um bj gostoso.

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  3. Olha lá....
    Rapaz....e não é que ele começou de novo?
    Começou com aquelas histórias de ferver a curiosidade...
    Isso não se faz, meu caro amigo!
    POXA VIDA!!!
    Vou sonhar com esta SHEILA esta noite...
    KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Ah,.... estas tuas mulheres.... ruivas, morenas, loiras..
    Pra nosso deleite..amei!
    Beijos e carinhos
    Myah

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  4. Exatamente o mesmo comentário que fiz na segunda parte (que li primeiro). Muito bom, bem encaminhado. Percebo você no texto.

    Mas há erros de português e afins. Tenha mais carinho pelo seu conto: é sua arte.

    Está indo muito bem.

    Beijos

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