terça-feira, 3 de junho de 2014

Releituras Nada Infantis

O Lobo Mau, certa feita fez amizade com um Urso Bonzinho. Ambos sentiam fome e sede e a floresta não
os saciava mais.
                Eis que um dia surge bela e curiosa, a Chapeuzinho Vermelho, andando pela floresta em busca do caminho mais curto para a casa da Vovó. Além de bela era acomodada esta menina e ouvira falar de uns tais de prazeres carnais que, até então soavam em seus ouvidos como um bom e convidativo churrasco a gaúcha.
                Não muito obstante a todo este cenário pecaminoso, o lenhador e a vovó, entreveravam-se entre quatro paredes a saciar suas taras, coisa que o livro original jamais ousaria descrever, até por que poderia haver crianças a lerem-no.
                Então, em dado momento os caminhos se cruzam e o seguinte diálogo foi registrado:
— Seu Lobo, que boca grande você tem!
— É prá melhor te comer Chapeuzinho.
— E você, seu Urso, que língua enorme!
— É prá melhor sorver teu mel Chapeuzinho.
                Diz a estória que ela não tentou correr não. Muito pelo contrário, entregou-se a volúpia de seus dois predadores e, ao invés de ser sucumbida por ambos. Deu-lhes uma sova.
Os dois garanhões, agora extasiados e jogados ao chão, ainda deliravam pelo acontecido.
                A Chapeuzinho, por sua vez, instigava-os à novos ataques. Em vão, a coitadinha saciada e persistente, encaminhou-se à casa da vovó, retomando seu caminho e, chegando a tempo de ver sua tão adorada e idolatrada anciã, em trajes menores e com a boca na botija, ou melhor, no cabo do machado do lenhador.
                Ela não se fez de rogada e foi auxiliar sua amada vovó em tarefa tão árdua e alimentou-se fartamente. Afinal, a pouco tempo havia exaurido-se em suas energias, ao contentar o Lobo e o Urso.
                Amanhã, ela faria novamente o mesmo trajeto e, com sorte, o cenário repetir-se-ia, para seu deleite e esmero. Já que decidira tornar-se perita nesta coisa de prazeres da carne.
                Essa Chapeuzinho ainda seria famosa, mas até então, sequer desconfiava de seu futuro glorioso.

                

2 comentários:

  1. E quem disse que o bom vernáculo aniquila qualquer sensualidade? O conto é bem-humorado, o estilo delicioso e impecável e o erotismo preservado, meu caro In! Um deleite, imaginar Cachinhos Dourados à mercê ma non troppo dessa fauna sedenta.
    Um grande abraço,
    Marc

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  2. com apenas 7 anos de idade! k criança precoce!!

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