domingo, 13 de novembro de 2011

D/s by IN_


O REI


O principezinho procurou com olhos onde sentar-se, mas o planeta estava todo atravancado pelo magnífico manto de arminho. Ficou, então, de pé. Mas, como estava cansado, bocejou.
É contra a etiqueta bocejar na frente do rei, disse o monarca. Eu o proíbo.
- Não posso evitá-lo, disse o principezinho confuso. Fiz uma longa viagem e não dormi ainda...
Então, disse o rei, eu te ordeno que bocejes. Há anos que não vejo ninguém bocejar! Os bocejos são uma raridade para mim. Vamos, boceja! É uma ordem!
- Isso me intimida... eu não posso mais... disse o principezinho todo vermelho.
- Hum ! Hum ! respondeu o rei. Então... então eu te ordeno ora bocejares e ora...
Ele gaguejava um pouco e parecia vexado.
Porque o rei fazia questão fechada que sua autoridade fosse respeitada. Não tolerava desobediência. Era um monarca absoluto. Mas, como era muito bom, dava ordens razoáveis.
"Se eu ordenasse, costumava dizer, que um general se transformasse em gaivota, e o general não me obedecesse, a culpa não seria do general, seria minha."
- Posso sentar-me? interrogou timidamente o principezinho.
- Eu te ordeno que te sentes, respondeu-lhe o rei, que puxou majestosamente um Mas o principezinho se espantava. O planeta era minúsculo. Sobre quem reinaria o
rei?
- Majestade... eu vos peço perdão de ousar interrogar-vos...
- Eu te ordeno que me interrogues, apressou-se o rei a declarar.
- Majestade... sobre quem é que reinais?
- Sobre tudo, respondeu o rei, com uma grande simplicidade.
- Sobre tudo?
O rei, com um gesto discreto, designou seu planeta, os outros, e também as
estrelas.
- Sobre tudo isso?
- Sobre tudo isso. respondeu o rei.
Pois ele não era apenas um monarca absoluto, era também um monarca universal.
- E as estrelas vos obedecem?
Sem dúvida, disse o rei. Obedecem prontamente.
Eu não tolero indisciplina.
Um tal poder maravilhou o principezinho. Se ele fosse detentor do mesmo, teria podido assistir, não a quarenta e quatro, mas a setenta e dois, ou mesmo a cem, ou mesmo a duzentos pores-do-sol no mesmo dia, sem precisar sequer afastar a cadeira ! E como se sentisse um pouco triste à lembrança do seu pequeno planeta abandonado, ousou solicitar do rei uma graça:
- Eu desejava ver um pôr-do- sol ... Fazei-me esse favor. Ordenai ao sol que se ponha. . .
- Se eu ordenasse a meu general voar de uma flor a outra como borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se em gaivota, e o general não executasse a ordem recebida, quem - ele ou eu - estaria errado?
- Vós, respondeu com firmeza o principezinho.
- Exato. É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, replicou o rei. A autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis.
- E meu pôr-do-sol? lembrou o principezinho, que nunca esquecia a pergunta que
houvesse formulado.
- Teu pôr-do-sol, tu o terás. Eu o exigirei. Mas eu esperarei, na minha ciência de governo, que as condições sejam favoráveis.
- Quando serão? indagou o principezinho.
- Hein? respondeu o rei, que consultou inicialmente um grosso calendário. Será lá
por volta de ... por volta de sete horas e quarenta, esta noite. E tu verás como sou bem
obedecido.
O principezinho bocejou. Lamentava o pôr- do-sol que perdera. E depois, já estava se aborrecendo um pouco!
- Não tenho mais nada que fazer aqui, disse ao rei.
Vou prosseguir minha viagem.
- Não partas, respondeu o rei, que estava orgulhoso de ter um súdito. Não partas: eu te faço ministro.
- Ministro de quê?
- Da ... da justiça
- Mas não há ninguém a julgar!
- Quem sabe? disse o rei. Ainda não dei a volta no meu reino. Estou muito velho, - Oh! Mas eu já vi, disse o príncipe que se inclinou para dar ainda uma olhadela do outro lado do planeta. Não consigo ver ninguém ...
- Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio.
- Mas eu posso julgar-me a mim próprio em qualquer lugar, replicou o principezinho. Não preciso, para isso, ficar morando aqui.
- Ah ! disse o rei, eu tenho quase certeza de que há um velho rato no meu planeta.
Eu o escuto de noite. Tu poderás julgar esse rato. Tu o condenarás à morte de vez em quando: assim a sua vida dependerá da tua justiça.
Mas tu o perdoarás cada vez, para economizá-lo. Pois só temos um.
- Eu, respondeu o principezinho, eu não gosto de condenar à morte, e acho que vou mesmo embora.
- Não, disse o rei.
Mas o principezinho, tendo acabado os preparativos, não quis afligir o velho monarca:
- Se Vossa Majestade deseja ser prontamente obedecido, poderá dar-me uma ordem razoável. Poderia ordenar-me, por exemplo, que partisse em menos de um minuto.
Parece-me que as condições são favoráveis ...
Como o rei não dissesse nada, o principezinho hesitou um pouco; depois suspirou e partiu.

(Antoine de Saint-Exupéry)



"O prazer é instintivo. Tem a ver com nosso lado mais primitivo e menos racional. Descrevê-lo em poesia é uma vã tentativa de nos diferenciarmos dos animais que somos e de onde viemos".
(IN)






Se você quer dominar alguém dê a esta pessoa possiblidades que ela sequer imaginava. Ofereça algo que realmente a instigue acima da média e vc terá alguém completamente subserviente às suas idéias.
Por vontade própria e sem que ela sequer sinta que vc a está dominando.
(IN)







Dominar pode ser muito mais do que bater por bater. Pode ser algo que transcenda. Que seja um jogo, de prazer, um ritual de erotismo, mas não pode ser algo que termine em si mesmo.
(IN)














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5 comentários:

  1. Adoro O Pequeno Príncipe!!!
    É interessante a forma que abordou sobre o assunto.
    Por isso gosto de te ler.
    Fascina-me a forma que escreve. É um dom, um presente que nem todos o possui.
    Saudades daqui e de te ler...
    Tenha um domingo maravilhoso!!!
    E você se torna responsável por aquilo que cativas e cativas muito.

    Beijos doces carinhosos de uma ruivinha que é sua eterna fã. Tarda, mas não falta aqui!

    Ayesk@

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  2. Querido In_, desejo a vc muitas e muitas condições favoráveis...
    Belo domingo.Bj.

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  3. Olá, In!

    Perfeita a tua colocação sobre Dominação e submissão, para se dominar é preciso ter bom senso, dar a outra parte o desejo de submeter-se e fazer com que a dor se transforme em prazer.

    Ótima semana!

    Beijos!

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  4. É... pra muitos dominadores por aí pensarem um pouco...

    beijos borboléticos, Dom In !

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  5. Oi querido!!!

    Adorando te ver inserido nesse mundo da D/s e filosofando sobre isso :D

    Excelentes as tuas colocações. Sabe o que as pessoas as vezes não percebem é que D/s não é uma relação de imposição pura. Se tem muita conversa, muito dialogo, muita cumplicidade, porque o objetivo é o prazer de ambos e para isso acontecer tem de ter a entrega dos dois lados.

    Miaubeijos com MUITO carinho =^.^=

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